Para escrever com ódio profundo
Até maior do que pela EMEL
Tirei as calças e decidi-me
A ver o estado da minha pele
Em má hora me examinei
E vou dizê-lo sem pruridos
Quando virei o rabo para o espelho
De imediato perdi os sentidos
É ainda combalida que penso
Em plano digno de tropa de elite
Dou a vida se preciso for
Mas levo comigo a celulite
Com esta minha estratégia
Que sapatos ou vestidos de jeito
Não mais me entrem em casa
Se não acabo de corpinho bem feito
A cada dia hei-de beber
Dois litros de água, dois de chá
E ao koala que habita em mim
Ai se o não arranco do sofá!
Diz que a natação ajuda
Pois vou nadar até Lanzarote
Hei-de lá chegar sereia
Tendo saído de cá cachalote
Já só vou ingerir verdes
Dos grelhados dobro a dosagem
Vade retro batatas fritas
Óleo só se for de massagem
Vou usar sal como esfoliante
Na comida será porém escasso
Vou misturá-lo com creminho do bom
Esfregar até me cair o braço
Dos refrigerantes sou porém Winehouse
Não vivo sem as bebidas com gás
Quero uma clínica de "rehab"
Será que pode também ter spas?
Em prol de uns glúteos de pedra
E de pernas tonificadas
Os nove andares do meu prédio
Já só subo pelas escadas
Quando se virem resultados
Venha fio dental, venha nudismo
Chegarei até quem sabe
A Miss Parque de Campismo
Direi então com desdém
"Mas aquela não sou eu!"
Quando me vir em fotos antigas
Com este imponente pneu
Quero pernas de Madonna
Braços de Kournikova
Barriga de Naide Gomes
No rabo nem mais uma cova
Pois para isso preciso mesmo
De tratamento por pessoa experiente
Dispenso as mãos de um trambolho
Que se diga técnica competente
Isabel Mendes
1 comentário:
Esses versos encaixam-se-me na perfeição.
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